sábado, 4 de julho de 2015

Shakespeare

"Senta aqui ao meu lado e deixa o mundo girar, jamais seremos tão jovens." 
  Shakespeare.




domingo, 31 de maio de 2015











Sonho de Ícaro
Biafra

Voar, voar
Subir, subir
Ir por onde for
Descer até o céu cair
Ou mudar de cor
Anjos de gás
Asas de ilusão
E um sonho audaz
Feito um balão
No ar, no ar
Eu sou assim
Brilho do farol
Além do mais
Amargo fim
Simplesmente sol
Rock do bom
Ou quem sabe jaz
Som sobre som
Bem mais, bem mais
O que sai de mim
Vem do prazer
De querer sentir
O que eu não posso ter
O que faz de mim
Ser o que sou
É gostar de ir
Por onde, ninguém for
Do alto coração
Mais alto coração
Viver, viver
E não fingir
Esconder no olhar
Pedir não mais
Que permitir
Jogos de azar
Fauno lunar
Sombras no porão
E um show vulgar
Todo verão
Fugir meu bem
Pra ser feliz
Só no pólo sul
Não vou mudar
Do meu país
Nem vestir azul
Faça o sinal
Cante uma canção
Sentimental
Em qualquer tom

sexta-feira, 29 de maio de 2015











Planeta Água
Guilherme Arantes

Água que nasce na fonte serena do mundo.
E que abre um profundo grotão.
Água que faz inocente riacho e deságua na corrente do ribeirão.
Águas escuras dos rios que levam a fertilidade ao sertão.
Águas que banham aldeias e matam a sede da população.
Águas que caem das pedras no véu das cascatas, ronco de trovão.
E depois dormem tranquilas no leito dos lagos, no leito dos lagos.

Água dos igarapés, onde Iara, a mãe d'água é misteriosa canção.
Água que o sol evapora, pro céu vai embora, virar nuvem de algodão.
Gotas de água da chuva, alegre arco-íris sobre a plantação.
Gotas de água da chuva, tão tristes, são lágrimas na inundação.
Águas que movem moinhos são as mesmas águas que encharcam o chão.
E sempre voltam humildes pro fundo da terra, pro fundo da terra.


Terra, planeta água, Terra, planeta água, Terra, planeta água.
Ou Isto ou Aquilo
Cecília Meireles

Ou se tem chuva e não se tem sol ou se tem sol e não se tem chuva! Ou se calça a luva e não se põe o anel, ou se põe o anel e não se calça a luva! Quem sobe nos ares não fica no chão, quem fica no chão não sobe nos ares. É uma grande pena que não se possa estar ao mesmo tempo em dois lugares! Ou guardo o dinheiro e não compro o doce, ou compro o doce e gasto o dinheiro. Ou isto ou aquilo: ou isto ou aquilo . . . e vivo escolhendo o dia inteiro! Não sei se brinco, não sei se estudo, se saio correndo ou fico tranqüilo. Mas não consegui entender ainda qual é melhor: se é isto ou aquilo.

sexta-feira, 15 de maio de 2015

"Guarde dentro do seu coração um lugar tranqüilo e secreto para onde possam ir os seus sonhos". Louise Driscoll

sábado, 2 de maio de 2015

Ele chegava em casa bêbado. Olhar lascivo, pedia.
Ela ficava com dó, dava.

Micro conto de Niaze Azevedo

segunda-feira, 6 de abril de 2015

Namorada das Palavras: Cem sonetos de Amor - Pablo Neruda

Namorada das Palavras: Cem sonetos de Amor - Pablo Neruda: Soneto XXVII Nua és tão simples como uma de tuas mãos, lisa, terrestre, mínima, redonda, transparente, tens linhas de lua...

Cem sonetos de Amor - Pablo Neruda













Soneto XXVII

Nua és tão simples como uma de tuas mãos,
lisa, terrestre, mínima, redonda, transparente,
tens linhas de lua, caminhos de maçã,
nua és magra como o trigo nu.

Nua és azul como a noite em Cuba,
tens trepadeiras e estrelas no pelo,
nua és enorme e amarela
como o verão numa igreja de ouro.

Nua és pequena como uma de tuas unhas,
curva, sutil, rosada a´te que nasça o dia
e te metes no subterrâneo do mundo

como num longo túnel de trajes e trabalhos:
tua claridade se apaga, se veste,se desfolha
e outra vez volta a ser uma mão nua.

sábado, 4 de abril de 2015

Conto: Fim de caso em Paris


Fim de caso em Paris.
Niaze Azevedo

Antes que lhe esfriasse de todo a alma. Antes que se visse de novo completamente nua de sentimentos, precisava vê-lo. Marcou o encontro e se esmerou na toalete.

Entregou-se a partir desse momento às lembranças que lhe faziam doer o estômago. As lágrimas detidas, como sempre.

Foram felizes por quase três anos em Paris. Muito felizes, como negar? E desde que se conheceram até sua partida, não houve sequer um dia, em que não dormissem abraçados. Suas noites eram sublimes.

Enveredou-se pelas vielas iluminadas da cidade à procura do Hotel onde ele morava desde que a deixara. Conhecia o local. Houve um dia em que se demorou na calçada esperando que ele saísse para segui-lo e descobrir se havia outra mulher em sua vida. Ele não desceu. Voltou para casa contente e resfriada.

Tinha uma teoria. Quando um homem deixava uma mulher, havia outra a espera. Homem não conseguia viver sozinho. Não conseguiu descobrir a outra. A dúvida a consumia.

Lembrou-se do dia em que chegara em casa e encontrou o bilhete de despedida. Ele dizia que precisava sair para conhecer um pouco a vida. Correu ao seu Ateliê, estava tão vazio, quanto sua vida antes de sua chegada. Tudo voltaria a ser como antes. Sem sua companhia, seus abraços fortes, as gargalhadas loucas e sua eterna juventude.

Chegou ao Hotel, sequer percebera o trajeto. Ele a esperava. Suas roupas contrastavam com a higiene do local, estava sujo e malcheiroso. As malas foram feitas. Iria embora do Hotel, viveria com outra mulher.

Só então percebeu que havia mais alguém no quarto. Lembrou-se dela. Chegou na casa um dia, pedindo para lavar as roupas por um prato de comida. Deixou que ficasse por um ou dois dias. Dividia o quarto com a arrumadeira e a ajudava com as roupas. Não se lembrava de tê-la visto novamente depois disto. Agora as coisas faziam sentindo. Também o roubo das joias que o seguro pagou.

O coração antes oprimido e angustiado agora estava em paz. Suspirou aliviada... Abriu a bolsa, retirou um maço de notas e deixou sobre a mesa.

Olhou ainda uma vez para o jovem parado à sua frente, seu grande amor. As lágrimas agora corriam sem bloqueio. Chorava depois de tantos anos.

Deixou-os sem dizer palavra. A noite estava linda! Sentia-se serena e feliz!